Versões contraditórias tentam envolver frei na morte de Jairzinho
O crime cometido contra o garoto Jair de Figueiredo Guimarães deixou a população tanto do bairro de São Francisco quanto de Manaus em estado de pavor. Moradores de lá passaram a evitar que as crianças brincassem nas ruas próximas da igreja, com medo de que pudessem ser vitimadas pelo agressor, já que o mesmo estava livre.
A polícia chegou a investigar o lanterneiro Afrânio Cardoso de Moraes, 19, que preso em uma blitz, afirmou na cadeia ter matado o garoto a mando do frei Silvestre, numa história confusa e inacreditável.
Afrânio contou ter sido chamado pelo frei para espantar os garotos que estavam jogando no terreno da igreja e como estava embriagado, aceitou sem discutir, pois seria recompensado financeiramente.
No local, disse ter visto o frei indagando o menino sobre uma dívida e por ordem dele, Afrânio teria golpeado Jairzinho, não com o objetivo de mata-lo, mas isso acabou acontecendo. Dias depois, ele soube que Jairzinho tinha morrido e se dizia arrependido.
A declaração teve um efeito bombástico no clero local, levando os líderes da Igreja Católica a contestar as denúncias envolvendo o padre apontando uma campanha para desacreditar a instituição religiosa.
CLERO APOIA FREI
Houve, inclusive, manifestação da Arquidiocese de Manaus, do Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB- Norte I) e outras entidades criticando os rumos que as investigações estavam tomando.
Os religiosos lamentavam que “pessoas e instituições causaram prejuízos morais, retardaram a elucidação do crime e confundiram a opinião pública”. Para eles, estavam sendo forjados suspeitos e culpados porque a polícia não conseguia chegar aos verdadeiros culpados.
Três anos após o crime, em 29 de dezembro de 1994, o pai do menino, Jair de Figueiredo Guimarães, técnico em eletrônica, morador da rua Valério Botelho de Andrade, foi alvo de protestos dos moradores com faixas e cartazes em frente à casa dele, pedindo justiça.
Uma carta na qual o pai da criança pedia uma grande soma de dinheiro para sequestrar o próprio filho levou a polícia a decretar a prisão preventiva de Jair Guimarães, que foi levado à Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa, mas assim como houve com o frei Silvestre, nada de concreto foi descoberto ao ponto de incriminá-los.
Um exame grafológico pedido pela Delegacia Especializada de Homicídios e Sequestros teria confirmado que a carta fora escrita pelo pai de Jairzinho, fato que teria levado o Ministério Público do 1° Tribunal do Júri Popular, ao denunciar Jair Guimarães, que seria alcoólatra e viciado em drogas.
Mas nem a polícia nem a justiça conseguiram comprovar nada contra nenhum dos suspeitos e o crime é mais um na lista dos sem solução no Estado.
ASSUNTOS: Caso Jairzinho