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Direita prega a intolerância em ato pela anistia


Por Raimundo de Holanda

06/04/2025 19h06 — em
Bastidores da Política


  • O ato pela anistia se revelou um jogo de soma zero, onde a direita perde, exatamente por pregar o oposto do que se esperava, enquanto a esquerda se afunda em mais revanche e ódio. Quer dizer, ninguém ganha.
  • O apaziguamento, que fatalmente levaria ao perdão de parte dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, não será obtido com agressões e desaforos.
  • Anistia é perdão e perdão exige um mínimo de tolerância, de aceitar que pessoas podem agir e pensar diferente, sem necessariamente pensar ou agir como elas.

Ignorar a força da direita é não compreender o momento que  o País atravessa. O absurdo está no fato de nenhum dos lados do espectro político deixar espaço para o consenso. A manifestação deste domingo, na Avenida Paulista,  embora em defesa da anistia, reverberou o ódio contra ministros do STF, chamados de  "covardes" e "bandidos".

Anistia é perdão e perdão exige um mínimo de tolerância, de aceitar que pessoas podem agir e pensar diferente, sem necessariamente pensar ou agir como elas.

É fato que houve excesso, até aqui, de ministros como Alexandre de Moraes e Roberto  Barroso. O primeiro eliminou qualquer possibilidade de apaziguamento, politizando o judiciário, enquanto Barroso foi no mesmo caminho, com expressões chulas, como o "Perdeu Mané". 

Não cederam, mas tiveram tempo para refletir. Os ataques de agora aos ministros apenas dificultam qualquer abertura, qualquer gesto de aproximação. E colocam uma pedra na anistia, ainda que venha a ser  votada pela Câmara dos Deputados.

O ato pela anistia se revelou um jogo de soma zero, onde a direita perde, exatamente por pregar o oposto do que se esperava, enquanto a esquerda se afunda em mais revanche e ódio. Quer dizer, ninguém ganha. 

A reconciliação, o apaziguamento, que fatalmente levaria ao perdão de parte dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, não será obtida com agressões e desaforos. 

Perde o País, que precisa encontrar seu rumo, fora do alcance das disputas políticas. Perdem mais ainda os desinformados, manipulados por extremistas para depredarem prédios dos Três Poderes, e que estão  sendo condenados como  verdadeiros criminosos por um tribunal que vem perdendo sua legitimidade.

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ASSUNTOS: Alexandre de Moraes, Ato pela anistia, Bolsonaro, Brasil, tentativa de golpe

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.